quarta-feira, 21 de dezembro de 2011





o meu amor é um pedaço mais do que isso, mãe.
e por tanto me mato em cada risco de luz. em cada cigarro fumado
em segredo
que é onde se escondem os sorrisos.

cada vez mais a mão a cravar-se no sonho.
cada vez a mágoa. a carne desfeita em
acenos acordados.

diz-me que andas por aí a lembrar a vida.
diz-me que andas por aí vestida no silêncio dos teus olhos azuis a fixarem longe. muito longe da água.
muito longe do leite que me emprestaste em dádiva segura quando
me encontraste caída no deslizante passeio do medo.
ó mãe, que a tua mão me segure a testa enquanto a febre me seca o hálito.
ó mãe, que o teu seio me encha de liberdade
e o teu silêncio me envie um anjo
a transformar palavras em abraços quentes.




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sábado, 22 de outubro de 2011






sou lenta na espera. sento-me com as águas do interior da terra. sou um animal placentário a devassar o tempo.



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terça-feira, 20 de setembro de 2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011





instala-se em essência de infinito e murmura sentidos ferventes.
não sou fiel a grandes nomes.




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terça-feira, 28 de junho de 2011




a noite morde-me o tímpano

mãe

e sempre a tua mão me liga ao rosto

mãe

a tua pele é o meu cheiro

mãe

a porta é um jardim sem fim

mãe

e os dedos a constelação dos teus olhos


mãe
minha






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quinta-feira, 9 de junho de 2011




é preciso deixar passar os gatos enquanto a mágoa se enluta num outro quarto escuro.
meia-noite de lua pálida.
o sussurro da tua mão na sombra de um pente cansado. muito cansado da astúcia do tempo.

e o poço um tédio. esplendidamente fútil.


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quarta-feira, 16 de março de 2011




nem o suor te manchou as mãos.
aranha autista de pensamento curto, pensei.

nem o suor te manchou as mãos.

estás sempre a tempo de morrer para sempre, disse.
disse?!
pois, se calhar pensei.





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quarta-feira, 2 de março de 2011



a tua mão é o caminho de sombra no teu sono longo.
compreende.

o escuro é um instante enorme.


a morte é uma puta a escavar segredos na confusão do medo.


a tua mão é o sossego. o teu olhar o meu sono.
compreende.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011





o peito chega às mãos com a mesma facilidade com que os olhos caem na grandeza irregular do movimento.
qualquer pássaro é um filho pestanejante.

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