quarta-feira, 21 de dezembro de 2011





o meu amor é um pedaço mais do que isso, mãe.
e por tanto me mato em cada risco de luz. em cada cigarro fumado
em segredo
que é onde se escondem os sorrisos.

cada vez mais a mão a cravar-se no sonho.
cada vez a mágoa. a carne desfeita em
acenos acordados.

diz-me que andas por aí a lembrar a vida.
diz-me que andas por aí vestida no silêncio dos teus olhos azuis a fixarem longe. muito longe da água.
muito longe do leite que me emprestaste em dádiva segura quando
me encontraste caída no deslizante passeio do medo.
ó mãe, que a tua mão me segure a testa enquanto a febre me seca o hálito.
ó mãe, que o teu seio me encha de liberdade
e o teu silêncio me envie um anjo
a transformar palavras em abraços quentes.




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