sábado, 8 de junho de 2013






O psicopata antropófago

 

Vivia no último andar de um prédio de esquina. Não dava festas. Os vizinhos nunca lhe provocaram movimentos salivantes.

Adormecia encostado a um  cavalete com pinceis por baixo, à espera de uma luz maior.  Sempre disse que a sabedoria era objectivamente sua.

Dono do mundo desatou a morder a sua sombra tranquilamente.  Sobrou-lhe só a ponta do nariz que usa agora para farejar a eternidade.

 

Maria Quintans, Agosto 2012


-----